quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Entrevista com Alberto Machado, diretor executivo de O&G da Abimaq


A 5X Petróleo dessa semana é com o diretor executivo de O&G da Abimaq, Alberto Machado, que fala sobre a taxação de uma série de itens importados usados pelos estaleiros na construções de plataformas e sobre as perspecitvas dos fornecedores locais à curto e médio prazo com o pré-sal.

1) A indústria naval e offshore vem defendendo junto ao governo a taxação de uma série de itens importados usados pelos estaleiros na construção de plataformas de petróleo. Qual o maior entrave hoje para que os estaleiros utilizem mais a tecnologia nacional?


O maior entrave é a falta de competitividade da indústria nacional, que é decorrência de fatores como a taxa de câmbio, taxas de juros, tributos, infra-estrutura precária, entre outros, os quais estão completamente fora do poder de decisão da indústria. Devido aos fatores citados, aliados a outros de origens variadas, como o custo da matéria prima, ociosidade em outros países, concorrência desleal (quando em alguns casos o produto acabado consegue chegar ao Brasil a preços inferiores ao de nossa matéria-prima), grande parte dos componentes de navios e plataformas estão sendo importados. O principal problema não é tecnologia, pois para mais de 70% dos componentes de um navio nossa indústria já tem condições ou potencial para atender.
 
2) Qual a perspectiva a curto e médio prazo para os fornecedores nacionais com os investimentos da Petrobras na camada pré-sal?


Depende das medidas a serem adotadas pelo governo. A continuar esse cenário de desindustrialização dos setores industriais de alto valor agregado, podemos até crescer em valores absolutos, pois os investimentos são de grande vulto, mas certamente perderemos em participação relativa. Deixaremos de aproveitar o enorme potencial de negócios decorrentes do pré-sal para desenvolver a indústria nacional de maneira eficiente e sustentável.

3) A questão da capacitação da indústria nacional e da sua mão de obra pode ser considerara um gargalo para o setor petrolífero?

Não acredito que seja um gargalo intransponível, pois os investimentos são de longa maturação e, se houver um planejamento adequado, o gargalo pode ser minimizado na medida em que as encomendas forem sendo colocadas. O empresário não consegue investir se não consegue enxergar perspectivas de negócios concretos, se não investir não contrata e se não contratar não motiva o treinamento.

4) O Brasil ainda importa muita tecnologia, apesar de todo o seu potencial, mas o cenário está mudando com a instalação de empresas estrangeiras no país. Como o Sr. vê a criação de  novos centros de pesquisas no país, especialmente o Cenpes?
É o caminho correto, fundamental e, com a demanda que estamos gerando, podemos usar o poder de compra do país para trazer para cá centros de tecnologia de empresas estrangeiras e estimular também o desenvolvimento dos centros nas empresas locais. É importante ressaltar que quando uma empresa de origem estrangeira ou nacional desenvolve pesquisa aqui, emprega técnicos e cientistas brasileiros que, certamente,  reterão esse conhecimento no país.

5) A indústria brasileira de máquinas e equipamentos acumulou faturamento de R$ 38,08 bilhões no primeiro semestre, marcando um crescimento de 7,9% em relação ao mesmo período de 2010. Qual a contribuição do setor petrolífero para esse resultado?

Inicialmente gostaria de esclarecer que esse crescimento foi relativo ao ano de 2010, mas ainda está aquém da posição alcançada no início de 2008, período que antecedeu a crise mundial.  Quanto à contribuição do setor petrolífero para esse resultado, apesar de não temos dados precisos, pois muitos itens entram como componentes e não é possível rastrear seu destino com precisão, estimo que, no caso dos bens de capital mecânicos entre 8 e 10% dos valores faturados destinaram-se ao setor de petróleo e gás, o que seria algo entre 3 e 4 bilhões de reais. Há potencial para, no mínimo, dobrar esse valor.
Fonte: NN Redação. Leia em

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