quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Entrevista com Marcos Almeida - geofísica em pauta

5x Petróleo - Marcos Almeida

A 5X Petróleo dessa semana é com o presidente do conselho e CEO da GeoQuasar STTG, Marcos de Almeida, que fala sobre a importância da geofísica e das inovações tecnológicas frente ao desenvolvimento do setor de Óleo & Gás no Brasil.

1) Com o desenvolvimento do setor petrolífero no Brasil, a demanda por serviços de Geofísica tende a aumentar cada vez mais. Quais as expectativas da GeoQuasar SSTG para o mercado brasileiro, com relação à sua atuação junto à industria de Óleo e Gás?

Como as rodadas da ANP têm demorado, os investimentos têm fomentado um grande número de farm-in. Isso tem criado uma necessidade grande nesse mercado. Com a autorização do governo, a partir da 11º rodada, com certeza haverá um aumento ainda maior nas atividades de funções sísmicas de 2D e 3D, tanto onshore como offshore.

Para se ter uma idéia, se olharmos o Plano de Negócios da Petrobras, nós vamos ver que a empresa pretende investir em média USD 2 bilhões por ano só em aquisição sísmica. Além disso, existem outras empresas privadas, secundárias como a HRT, com seus investimentos milionários, assim como a OGX e Queiroz Galvão, que estão atuando fortemente nesse setor.

2) O presidente da Petrobras, Jose Sérgio Gabrielli, destacou que a companhia vem sistematicamente obtendo reduções de seu custo de perfuração na área do pré-sal. Qual o objetivo da pesquisa geofísica em geral e os novos desafios que esta fronteira, especificamente, apresenta?

Nós temos que analisar quais são os ativos mais importantes que uma empresa de petróleo tem. Primeiro lugar o pessoal, que corresponde ao capital intelectual. Se fizer uma pesquisa com todas as empresas a maioria vai falar a mesma coisa. O maior investimento, o maior ativo é o capital intelectual. O segundo maior investimento que eles têm são em dados. Então a GeoQuasar é uma empresa que faz aquisição de dados. Como empresa de geofísica, o objetivo é de aumentar a qualidade desses dados. A Petrobras está com grandes investimentos nessa área, sendo pioneira, tendo as melhores tecnologias ao redor do mundo.

Além do processo de aquisição, que é muito importante, existe também toda a sequência de processamento geofísico, depois vem a questão da análise, porque uma vez que e adquiriu todos os dados , fez o processamento geofísico dos dados, você tem a parte da análise. Existem novas ferramentas, que vem surgindo no mercado. Nós somos representantes de uma dessas empresas que tem uma ferramenta de análises muito interessante, que ajuda entender por exemplo, no caso específico do pré-sal, as fraturas nos carbonatos que estão no área. Então na medida que você vai fazendo as perfurações mais próximas das fraturas, você aumenta a perspectiva de produzir mais.

3) Quais são os principais métodos usados na prospecção geofísica de petróleo e gás?

A geofísica tem mais de cem anos de uma ciência que vem se desenvolvendo. Os métodos principais são os de geofísicas potenciais, como graviometria, tem os métodos convencionais de sísmica, ou seja, a parte de aquisição sísmica 2D, 3D, 4D, sistema de monitoramento do reservatório para entender como ele está se desenvolvendo à medida que faz perfuração e extração. Além disso, há o processo geofísico que consiste em estudos mais avançados como inversão, estudos de atributos sísmicos avançados da parte de análise.

4) O presidente do BNDES, Luciano Coutinho, disse na semana passada, que as empresas precisam inovar. Hoje, no Brasil, o setor de geofísica, é impactado por atualizações tecnológicas constantes e pela questão da inovação? Qual a importância dessas novas tecnologias?

Inovação sempre foi uma constante na geofísica. Desde os métodos analógicos, digitais, a fabricação de instrumentos de aquisição sísmica, as novas tecnologias, a eletrônica, a microeletrônica, sistemas de fibra ótica e etc. Antigamente era tudo hardware, hoje em dia é software. A maioria das tecnologias tem um grande desenvolvimento na parte do software, mesmo as tecnologias nanoeletrônicas são comandadas por softwares.

5) Em seu Plano de Negócios 2011-2015, a Petrobras espera capacitar mais de 17 mil novos engenheiros, geofísicos, geólogos e etc. O mercado para este campo está em crescimento, sobretudo para aqueles que desejam trabalhar no ramo petrolífero. Hoje, o número de profissionais nesse setor atende a demanda ou o déficit é muito grande?

Há muitos anos a indústria de petróleo e gás não crescia nesse ritmo. Em primeiro lugar, temos o país relativamente jovem, no que se refere a esse setor. Começamos com as primeiras universidades que pegaram os engenheiros agrônomos, depois tivemos a criação de universidades de geofísicas . Então como a indústria não vinha crescendo nesse ritmo acelerado, existe um gargalo nesse período. Os profissionais que já passaram do seu período de indústria, aposentados, estão voltando para agora, e estão ajudando a fazer uma ponte nesse GAP que existe com os jovens agora.

É comum no Brasil e no resto do mundo, você pegar um profissional que tenha 30 anos de experiência, rodeado por um grupo de nove a dez profissionais relativamente jovens. A indústria foi se ajustando nessa área, e hoje esse profissional mais experiente já está trabalhando em empresas privadas com contratos de prestação de serviços, em tempo integral. A indústria está em ritmo acelerado por causa do preço do petróleo, e sempre irá existir grandes ciclos.

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